TV Câmara, Gabinetes individuais, despesas, despesas, mais despesas… e enquanto isso o executivo…

Duodécimo. O nome me causou preguiça quando ouvi pela primeira vez. Não tinha um charme próprio de termos da administração pública. Com o tempo, percebi que era simples e necessário: é o “salário” que a Prefeitura pagava à Câmara, em 12 parcelas. O legislativo funciona com dinheiro do executivo, como já é de se supor. Melhor dizendo: ambos funcionam com dinheiro do povo, mas quem recebe esse dinheiro não é senão a prefeitura.
Se não usar todo o dinheiro, a câmara pode simplesmente devolver, e assim ajudar na penosa tarefa de tirar o poder executivo do buraco. No ano passado, por exemplo, meio milhão de reais foram devolvidos. A prática da devolução não é rara, mas parece que a ideia é que a solidariedade seja decrescente. Ao invés de tornar este estender de mãos ato rotineiro e realista, parece que a Câmara faz de tudo para que não sobre dinheiro ao fim do ano.
Teremos uma câmara de primeiro mundo com uma prefeitura (e um município inteiro, claro) afundado em contas e mais contas? Os investimentos realizados são um ato de cidadania ou o oposto disso? Vale lembrar que não faz muito tempo que a Câmara pediu e recebeu um andar inteiro de prédio outrora exclusivo da Prefeitura. Lá, se instalarão gabinetes para os vereadores e os estúdios da TV Câmara.
Solidariedade realista, é esta a palavra. Por que não, diante de uma situação financeira difícil para o município, primar pelo contingenciamento? Por que não economizar, ao menos por enquanto? Por que não um trabalho conjunto em prol da saúde financeira que todos queremos?
O plenário, com seus meros 15 vereadores, já conta com um cômico sistema de votação eletrônica, aquele mesmo sistema que é essencial na câmara, por exemplo, com seus 513 deputados. Beira o ridículo brincar de painel eletrônico enquanto ruas inteiras ficam no escuro. Depois, fazem, hipocritamente, requerimentos solicitando melhorias, melhorias essas que poderiam ser realizadas com devoluções ainda maiores, não fosse a falta de senso de empatia de alguns.
A prefeitura é uma mãezona, que paga para seu filho os melhores brinquedos, enquanto passa por dificuldades para pôr comida na mesa. O problema é que esse filho já cresceu.
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