A resposta pode estar na capacidade dos institutos em representar a população brasileira.

Uma pesquisa eleitoral questiona poucas pessoas, mas as pessoas certas. A amostra estudada deve ser capaz de representar fielmente a população brasileira.
Em primeiro lugar, é necessário lembrar: a notícia de que Bolsonaro só ultrapassou Lula em São Paulo não é por menos: é que a pesquisa só foi realizada nesse estado.
Foram ouvidas 1880 pessoas em 75 cidades paulistas. O Datafolha, por sua vez, ouviu 2556 pessoas em 183 cidades de todo o Brasil. Quase a mesma quantidade de pessoas, mas em territórios completamente diferentes. A conhecida vantagem de Lula em seu Nordeste natal passa despercebida na pesquisa paulista, bem como a vantagem de Bolsonaro no Centro-Oeste. Apesar disso, as duas pesquisas entrevistaram pessoas nas cidades proporcionalmente à população das mesmas.
A idade pode ser a chave
Com pautas conservadoras, é provável que Bolsonaro se saia melhor com idosos, ao passo que Lula, progressista, pode atrair mais o voto jovem. É aí que entram as diferenças: o Datafolha deu mais voz aos jovens, e o Paraná pesquisas, aos mais velhos. Falando em termos mais objetivos, o que ocorre é que Datafolha superestimou a amostra entre 16 e 24 anos, enquanto Paraná Pesquisas subestimou esse grupo, além de ouvir bem mais adultos acima de 45 anos do que deveria para ser fiel ao universo em estudo.
Eram justamente os jovens que estavam dando pontos a Lula nos questionários: 45,5% dos entrevistados entre 16 e 24 anos preferem o ex-presidente, e apenas 29,3% o atual. Se a amostra ouvisse os 16 jovens que faltavam para garantir representatividade perfeita, talvez o resultado colocasse Lula à frente no total geral. Vale lembrar que o TSE apontou recorde histórico de jovens tirando o título de eleitor para votar esse ano, com mais de 2 milhões de novos votantes entre Janeiro e Abril desse ano, aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018.
Mas não é apenas isso: é justamente onde Bolsonaro está na frente que a pesquisa vai mais longe. O Instituto ouviu 98 pessoas a mais nas faixas etárias onde Bolsonaro melhor performou.
Gênero: Paraná Preciso, Datafolha Misógino
A mulher está no centro das discussões políticas. Se a primeira revolução feminista foi pelo voto, agora a luta é por ter igualdade de representatividade. Olhando para os dados, vemos que o Paraná Pesquisas foi preciso quanto à divisão de gênero, enquanto Datafolha superestimou os homens e subestimou as mulheres.

Apesar de tudo…
A amostra do Instituto Datafolha segue mais abrangente. Todas as 5 regiões do país foram consideradas, além de deixarem registrado a quantidade de abordados que não souberam ou não quiseram responder sobre sua escolaridade ou faixa de renda, coisa que inexiste no relatório do Paraná Pesquisas, mas que por eliminação acaba correspondendo a exatamente 1% nos dois quesitos.
Nem tudo são flores para Bolsonaro no Paraná Pesquisas
Em São Paulo, Bolsonaro aparece com vantagem apertada sobre Lula, segundo o Paraná Pesquisas. No entanto, persiste a vitória do ex-presidente: entre o eleitorado feminino (39, 1% contra 33% de Bolsonaro).
Vale lembrar também da explosão de jovens tirando título de eleitor para votar esse ano. O país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018. É na juventude, como já vimos, que Lula se sai melhor.
O levantamento ainda descobriu que a rejeição de Bolsonaro é de 47,7%, além de apontar Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) como líderes na corrida por Governo do Estado e Senado, respectivamente.
Aqui, olhamos para a pesquisa BR-03035/2022 do Paraná Pesquisas e para a pesquisa BR-01192/2022 do Datafolha.
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