Ação visa implantar o programa em Mococa, que promove assistência jurídica a psicológica para vítimas da discriminação.

A Câmara Municipal de Mococa recebeu ontem, 27, audiência pública que visa dar mais um passo no combate ao racismo em Mococa. O programa SOS racismo tem por objetivo realizar convênios para dar apoio jurídico e psicológico para vítimas do crime de racismo.
O evento foi articulado pelo vereador Professor Clayton Bosch (PRB). Exerceu a presidência dos trabalhos a vereadora Priscila Gonçalves (PATRI). Participaram também o presidente do SOS Racismo em São Paulo, Roberto Santos, o Coordenador Nacional das Entidades Negras, Rafael Pinto, o prefeito de Mococa, Eduardo Barison (PSD), o presidente do Partido dos Trabalhadores de Mococa, Didô Carvalho, além de vereadores de Mococa e de outras cidades da região.
A abertura contou com apresentação artístico-pedagógica sobre o histórico da escravidão, além de execução do hino nacional brasileiro e do pouco conhecido hino da negritude. O prefeito reconheceu a data como histórica para o município. Roberto Santos conta estar passando de cidade em cidade com o projeto, e ressalta a força do SOS racismo ao declarar que “não tem como passar uma denúncia sem ser investigada”. Afirmou também que o Deputado Estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) está disponível para ajudar na causa, que conta já com o reconhecimento por parte da Assembleia Legislativa de São Paulo.

A fala mais forte, porém, veio do público. Natália Ferreira, conhecida em Casa Branca como “Nath Motogirl”, conta que já recebeu ameaças de morte, além de quase ser presa injustamente. Mulher, preta e lésbica, Natália diz sentir medo de ser morta por policiais que, de forma racista, enxergam armas de fogo nos bolsos negros. É com essa fala que rebate o termo “mimimi”, empregado pelo vereador Paulo Doção anteriormente. Natália critica o fato de que foi necessário um ato de truculência ocorrer nos Estados Unidos (Black Lives Matter) para aí sim desencadear reações mais fortes à discriminação racial. Não poderia ser em tempo mais propício: o “George Floyd brasileiro” acaba surgindo, vítima de uma câmara de gás improvisada em um carro da Polícia Rodoviária Federal. A advogada e chefe de gabinete da câmara Janaína Rotta (PSD) diz trabalhar com minorias e perceber que o racismo está, atualmente, mais perigoso.
“Ensine o seu filho a ser racista que eu vou ensinar o meu a se defender”
(Natália Ferreira)
Segundo o IBGE, 27,46% da população de Mococa se declara preta ou parda, isso sem levar em conta o embranquecimento produzido pela cultura estruturalmente racista, que faz com que negros de pele mais clara acabem por se declarar brancos.

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