“Há quantas semanas lemos isso? Quando acontecer, saberei”

Muitos memes e piadas tem surgido diante do desespero de parte da mídia por um furo e pelo glamour da “fonte em off”. Dessa vez o alvo da chacota foi Renato Souza, reporter do portal R7. O jornalista twitou que “Fontes do pentágono afirmam que a Rúsia se prepara para invadir a Ucrânia em larga escala nas próximas horas”.
O uso de “fontes do pentágono” sobe a auto-estima de qualquer jornalista… por que será que nos orgulhamos tanto de usar o offismo não verificável? É um tal de “fontes afirmam”, “fontes disseram”, “fontes alegaram”. A sensação de poder que se quer transmitir ao escrever (nas entrelinhas) “tenho fontes no pentágono que me contam babados fortíssimos” torna-se, num limite, a piada viva, sintoma de uma crise no que se entende por jornalismo de qualidade.
A avidez pelo furo de reportagem já fez com que diversos veículos e repórteres queimassem a largada por diversas vezes. A reação vem no melhor estilo brasileiro: já fazem 45 dias que “a Rússia vai invadir a Ucrânia a qualquer momento”. Até mesmo o renomado Ricardo Noblat entrou na onda da zueira para com as especulações midiáticas.
Veja outras reações:
Pedro e o Lobo
A história infantil em que um menino dá um falso alerta sobre um lobo que estaria à espreita ilustra bem a perda de credibilidade dos veículos neste caso. Banalizada, uma invasão dessas proporções será avaliada com pouco caso (até negacionismo) quando realmente um conflito armado sobrevier (o que parece certo). Quando o Lobo Putin vier, talvez já não existam olhos tão vidrados nas telas para acompanhar as necessárias informações sobre a maior crise na Europa desde o fim da segunda guerra mundial.
Noblat também não fica de fora das polêmicas: a maior ocorreu no comecinho do ano passado, quando recomendou o suicídio a Bolsonaro. A Veja repudiou:
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