Para além do ‘generalismo’ das iniciativas de mulheres na política, Todaz foca em aspecto ‘estratégico e fundamental’: a comunicação

O Instituto Vamos Juntas foi fundado pela Deputada Federal Tábata Amaral, visando reduzir a desigualdade de gênero na política. Em 2020, realizou estudo inédito na Câmara, onde descobriu que, apesar de ocuparem apenas 15% das cadeiras, as mulheres respondem por 22% dos projetos relacionados à educação e 25% dos relacionados à saúde.
Uma das primeiras participantes foi Tamires Fakih, Gestora de Políticas Públicas, com mais de 8 anos de experiência no Poder Público Municipal. Aos 31 anos, ela está tirando seu doutorado em Mudança Social e Participação Política (USP).
o grande diferencial nosso, da Todaz, em relação a essas outra iniciativas – e foi por isso que me deu tanta alegria fazer parte do projeto e construir o projeto do pessoal – é que essas outras iniciativas são muito generalistas, elas perpassam desde o começo: como fazer um planejamento, como montar uma equipe… Uma série, uma conjunção de assuntos, e passa de uma forma muito superficial.
Tami
A ideia de transformar o problema em uma rede de apoio veio de
Halley Arrais, Publicitário com especialização em cinema, consultoria de imagem e assessoria de comunicação política. Conta com mais de 10 anos de experiência em campanhas presidenciais no Brasil e América Latina. Através dele, veio Tamires, depois Ananda, Anton, e estava formado o grupo dos quatro fundadores do Todaz na Política, que hoje conta com 30 profissionais, além de outros interessados em participar.
Funcionamento
Ananda Miranda tem 30 anos e é especialista em Comunicação e Estratégia, certificada em Comunicação Política por Harvard University e membro da Abrig – Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais. Com Tamires presidenta e Ananda vice-presidenta, o Todaz planeja formar 27 mulheres em todas as unidades da federação, através de 30 aulas divididas em 4 módulos de formação: planejamento, estratégia, criação e produção e imprensa. As inscrições estão abertas no site.
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” O que a gente faz aqui é juntar profissionais do marketing político, da comunicação política estratégica do Brasil, da América Latina, da Europa, pessoas que trabalharam em campanhas presidenciais, em grandes campanhas dessas regiões, pra mentorar essas candidatas para que elas estejam preparadas em termos de comunicação. Entendemos que a comunicação é a primeira barreira – uma das, né -, uma barreira gigante na campanha. É a parte mais cara da campanha. “
Nanda
‘Eu enfrentei isso na pele’

“Nos programas de formação essa parte não é aprofundada, é sempre um pacote do tipo ‘faça isso, percorra esse caminho que você vai ter uma comunicação melhor’, e não é. Eu enfrentei isso na pele.”
Tami

Em 2020, Tamires foi candidata a vereadora de São Paulo pela Rede. Investiu pouco mais de R$55 mil, quase 30% com publicidade por materiais impressos, e obteve 2.734 votos. Para efeito de comparação, o candidato mais votado, Eduardo Suplicy (PT), gastou R$207 mil e teve 167.552 votos

” A gente tinha voluntários na campanha, a gente fez uma campanha com pouco recurso e tudo esbarrava na comunicação, todos os desafios, porque a gente podia ter essas ideias, consolidar essas ideias, mas como potencializá-las, como chegar a mais eleitores, se não tinha uma equipe de comunicação especializada pra me apoiar? É muito difícil conseguir chegar a outras pessoas, vocalizar suas ideias, se você não tem acesso à comunicação, não tem uma equipe por trás.”
Tami
Linha de corte
O posicionamento “Consultoria de estratégia e comunicação para mulheres progressistas candidatas” deixa claro as limitações impostas na seleção: a ideia é trazer mulheres que contribuam com o fortalecimento da democracia e que respeitem minimamente os direitos dos diversos grupos.

“O que a gente quer é fortalecer a democracia, e quanto mais diversa for a democracia, quanto mais mulheres na política, mais forte ela fica. Então não podemos fortalecer campanhas em que a democracia é posta de lado, candidaturas em que a democracia não importa. É nossa linha de corte, eu acho.”
Nanda
Fora isso, esclarecem, não há limitações quanto ao espectro político. Nanda analisa que “às vezes ela vai ter um perfil liberal, mas ela é progressista. Os conceitos foram misturados nesses últimos anos. Quando a gente fala de progressismo, parece que estamos falando só de bandeira de esquerda, partidos de esquerda, não é isso”.
As regras do jogo

“À partir de agora tem duas mudanças muito importantes, que ao meu ver são muito positivas. A primeira é que se a chapa tiver uma candidata laranja, a chapa inteira cai. A segunda é a distribuição do fundo: o fundo partidário e eleitoral é distribuído assim: 30% do fundo é distribuído entre os partidos e mais 33% é distribuição entre representantes e via quantos votos essa chapa vez. Não importa se tem um deputado, mas se a chapa fez 100 mil votos e desses 50 mil foram de mulheres, cada voto dessa mulher vai valer o dobro. Então quanto mais votos de mulheres mais dinheiro esses partidos terão. Então não é só a quantidade de mulheres que conseguiram chegar, mas a quantidade de votos dessas mulheres vai valer por dois.”
Nanda
É um incentivo pra que as mulheres não sejam laranja, né?
Tami
E que os caciques dos partidos não coloquem. Para que os caciques coloquem mulheres e coloquem dinheiro na campanha das mulheres. Porque o que faz uma campanha ser competitiva ou não, um dos fatores determinantes, é quanto dinheiro ela tem.
Nanda
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