presidente diz que gostaria sim de priorizar doutrinação dos pequenos, mas que “alguns ministérios são um transatlântico“

– Ô presidente! É… quando a história, né, de Hitler, a gente lia muito a questão que ele começou, é, com as crianças
– Sim – responde de cabeça baixa e em meia-voz o chefe do executivo
– No caso aí, o senhor acha que o nosso Ministério de Educação já poderia também estar fazendo um trabalho com as crianças pra gente voltar, retormar, né, a consciência, a conscientização…
Interrompe o presidente:
– Cê não consegue, é uma… é um transatlântico, tem ministério que é um transatlântico, não dá pra dar um cavalo-de-pau.
– Eu gostaria de imediatamente botar educação moral e cívica, botar um monte de coisa lá – enquanto balança a cabeça, como querendo associar sua resposta ao modelo proposto na pergunta -, coisas boas.
O assunto expande
– Eu vi um outro dia, tinha um saco de vídeo de uns 10 minutos, duas mulheres conversando, podia ser dois homens também, né? – tom de deboche imediatamente identificado pelo interlocutor, que dispara a rir.
– Não sabem nada! Não sabem quê que é poder executivo. Dai ela fala: “não existe deputado municipal já, não sei o que”, essas coisa absurda (sic.) – coro de apoiadores dispara a rir, em momento que é sobressalente uma risada feminina aparentemente forçada. Eis que Bolsonaro olha de canto, e a gargalhada cessa.
– Isso aí não é essa pessoa apenas não, é comum.
O monólogo de Jair termina, e eis que uma apoiadora cita um exemplo para incrementar:
– Esses dias a gente viu uma lá falando que homem ter filhos (sic.), então a coisa realmente é crítica.
– Eu vi essa parte, eu vi essa parte – dispara Bolsonaro, enquanto começa uma gargalhada daquelas suas típicas.
– Não, a coisa é crítica – a apoiadora se vê obrigada a mudar o tom de alarme para humor quando a risada do presidente destoa do discurso inicial. Mas a mulher consegue retomar a seriedade e prossegue:
– Agora, assim, o Brasil é 80% conservador e Cristão.
Checando, observamos que o dado procede: 81% dos brasileiros se dizem católicos ou protestantes, segundo o Datafolha, alvo de ataques dos bolsonaristas. Outra pesquisa, dessa vez do Ideia Instituto de Pesquisa, entrevistou 1242 pessoas, e 78% se dizia conservadora em algum grau.
Continuando na fala da brasileira conservadora:
– … e agora que nos conseguimos um presidente que nos houve, que tem caráter, que é ético, que é honesto, tenha certeza: nós vamos fazer de tudo para manter o senhor.
Dados da Polícia Federal apontam para aumento expressivo de casos de apologia ao nazismo desde que Bolsonaro assumiu a presidência, a grande maioria no sul e sudeste. Também nesse período cresceu 60% a organização criminosa dessas pessoas. Estima-se que, atualmente existam cerca de 530 células neonazistas em nosso país.
Segundo a antropóloga Adriana Dias, esses grupos são mais comuns no paraná, e se denominam soberanistas, tendo como base os discursos do astrólogo bolsonarista Olavo de Carvalho. Entre elogios e desentendimentos (muitos deles se queixaram da aproximação da Bolsonaro com Israel), as pautas nazistas são afins a Bolsonaro: anti-comunismo, ultranacionalismo e demais discursos que incitam ódio contra minorias – os chamados “dog whistles”, palavras sutis o suficiente para não configurarem crime, mas que remetem a racismo e preconceitos de outras ordens.
Complemento: Por que votamos em Hitler?
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