O que narramos

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Foto: C.Nogueirol/Wikimedia Commons

Hoje eu me propus uma reflexão. É daquelas reflexões que só surgem durante a fronteira entre sono e vigilia, naquele momento onde o cérebro está dando boot. Geralmente, é nesses momentos que me surgem as melhores ideias, e também em minhas caminhadas, onde hoje avancei na ideia de um livro escrito em forma legística: a constituição de um país onde apenas as mulheres votam e são votadas.

Enfim, introduções à parte, eis a reflexão: será que, durante o holocausto, existiam pessoas que diziam “nem judeu, nem nazista, chega de extremos”? É possível que apenas com distanciamento histórico tenhamos entendido que não tratava-se de polarização, mas de extermínio. Não era direita contra esquerda, capitalistas contra comunistas, mas exterminadores contra exterminados. Isso, é claro, segue ao longo do tempo.

Sempre ficamos confortáveis pensando nas teorias da conspiração de que aliens teriam colocado as pesadas pedras que construiram as pirâmides do Egito. A fábula foi ganhando força, ajudada por muitos; preferimos a explicação fantástica do que a sociológica: o que moveu as pedras foi a fome e sede de escravos que, explorados, só veriam um pouco de comida ao concluir seu trabalho. A tal força sobre-humana só pôde ser alcançada por meio de outra força, essa desumana: a da exploração.

Tudo isso me leva a pensar sobre a intencionalidade dos discursos, que afeta grosseiramente sua fidelidade com o mundo real. Sempre me gerou muita angústia saber que muito do que entendemos como ‘verdade’ ao longo dos anos é, na verdade, narrativa criada por grupos dominadores. Por mais que hoje saibamos reconstruir certas maneiras de contar as histórias, fato é que há um manancial de outras narrativas que sequer fazemos ideia de que foram manipuladas.

Marx diria que a história é a história da luta de classes. Eu diria que a história é a história do trabalho em apagar qualquer traço de rebeldia que possa alterar estruturas significativas no tecido social.

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