Vírus causador da COVID-19 pode ter passado de animais para pessoas mais de uma vez, lá em sua origem, em Wuhan. Infecções pode ter ocorrido, inclusive, em mais de um mercado de animais exóticos.

A revista Nature publicou ontem, 16, artigo que levanta a hipótese de que o Sars-CoV-2, vírus responsável pela pandemia da COVID-19, teria se espalhado não de apenas um animal para um humano. O estudo dá conta de que existiram pelo menos duas introduções de SARS-CoV-2 na população humana. Isso significa que podem ter existido vários ‘pacientes 0’, transmitindo a doença para outros seres humanos.
As linhagens analisadas , chamadas A e B, possuem diferenças significativas em nucleotídeos. Analisando um banco de dados online dos genomas já sequenciados, notaram alterações que não poderiam ser explicadas por mutações já no corpo humano. O raciocínio dos cientístas leva para a ideia de que outros mercados em Wuhan podem ter sido responsáveis pela transmissão do vírus de animais selvagens para humanos.
A descoberta enfraquece a narrativa de que o SARS-CoV-2 escapou de um laboratório, disse Robert Garry, virologista da Tulane University em New Orleans, Louisiana, em entrevista à Nature. Ele explica:
“Se você puder mostrar que A e B são duas linhagens separadas e que houve duas repercussões, isso elimina a ideia de que veio de um laboratório.”
Um outro estudo, publicado de Junho, chegou à mesma hipótese. Na Austrália, um outro paper classifica os morcegos-ferradura do gênero rhinolophus como ‘reservatórios naturais de coronavírus’.
O biólogo evolucionário Xiaowei Jiang, da Universidade Xi’an Jiaotong-Liverpool em Suzhou, China, defende uma análise mais ampla do genoma, usando os dados ‘brutos originais’ para uma conclusão mais confiável.
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