Abordagem é polêmica entre psicólogos. Expo Felicidade será transmitida ao vivo por site de ‘coaching’.
Nos dias 5, 6 e 7 de agosto acontecerá, online, a Expo Felicidade 2021. Os organizadores prometem ensinar sobre desenvolvimento humano e bem-estar para pessoas e empresas, bem como apresentar diversos fundamentos científicos para ser feliz nas áreas profissional e pessoal e no aspecto de bem-estar físico e em comunidade. Quem participar ganhará um certificado de “Consultor de Psicologia Positiva Aplicada ao Florescimento Institucional”, inédito no Brasil.
No rol de palestrantes, temos desde Flora Victoria, mestre em psicologia positiva, até a jornalista Fabi Saad, da Jovem Pan – veículo fortemente apoiador de Jair Bolsonaro – , que apresenta o programa ‘Mulheres Positivas’, passando por Frederick Luskin, que se identifica como ‘um dos maiores estudiosos sobre perdão’. Flora é organizadora do evento, e garante que a Psicologia Positiva tem crescido nos últimos anos. Ela fala sobre resultados recentes em que o Brasil despenca em rankings que avaliam o tema:
“Analisando esses resultados percebemos que a sociedade precisa aprender a construir sua felicidade. Isso é feito por meio da prática. Para isso, a pessoa precisa saber trabalhar e aprimorar emoções positivas e é esse o propósito da Expo, fortalecer pessoas para que elas se desenvolvam e retomem as rédeas da própria vida”
Flora Victoria
A Psicologia Positiva é recente: surgiu em 1998 com o Presidente da Associação de Psicologia Americana, Marting Selligman.Selligman diz ter tido a ideia em um resort, tendo sido decisiva no insight sua filha Nikki,. Já que a psicologia focou, todo esse tempo, nas enfermidades e problemas, por que não abandonar essa perspectivas e pensar nos aspectos positivos? Foi essa a mentalidade – influenciada pelo foco nos afetos de pensadores como Spinoza e Schopenhauer – que iniciou tudo.
Há críticos e apoiadores dentro da academia. A psicóloga e pesquisadora espanhola María Prieto-Ursúa destaca, em artigo de 2016, a falta de objetividade desta abordagem, e principalmente o risco de criar a ilusão de que a experiência humana se baseia simplesmente na luta da felicidade contra a tristeza. Também a preocupa o risco de esquecermos da dimensão dos problemas sociais ao centrar os esforços na felicidade do indivíduo a qualquer custo. Há – diga-se de passagem – forte relação entre a psicologia e a ideia de meritocracia. Já os brasileiros Fábio Scorsolini-Comin e Manoel dos Santos, da Universidade do Triangulo Mineiro, enxergam resultados promissores no que já foi produzido sobre o tema, e tem esperança, mas mesmo esses se preocupam com a possível falta de alcance social desta vertente, especialmente no cenário brasileiro. Há quem vá mais além, afirmando que a psicologia positiva é pouco sensível à justiça social e até mesmo aos direitos humanos.
A Psicologia Positiva nos traz o conceito de enfoque na procura dos aspectos saudáveis e positivos dos indivíduos, sem deixar de lado os possíveis sofrimentos e transtornos que possam existir ou virem a se manifestar. Isso é perfeito!
Fernando Lauria, Neurologista.
O Neurologista Fernando Lauria argumenta que o embasamento para a Psicologia Positiva vem da própria neurociência, do controle das emoções sem deixar de lado a dimensão racional. A prática de atividades e pensamentos prazerozos, continua, alimenta a liberação correta de neurotransmissores como a dopamina e serotonina, responsáveis por emoções como o prazer e o bem-estar. Apesar da individualidade genética e ambiental de cada pessoa, Lauria ensina que o controle da relação interdependente entre razão e emoção é missão comum a todos nós.
Vinicius Macía 
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