62,5 milhões de brasileiros devem, em média, R$3.900 reais

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Dado é do Mapa da Inadimplência, do Serasa, obtido em Maio. Banco e cartão de crédito representam quase 30% do total. São Paulo, Rio e Minas estão, nessa ordem, no Top 3. Jovens parecem resistentes a buscar solução para o problema.

Evolução do número de brasileiros endividados entre Maio de 2020 e Maio de 2021. | Fonte: Serasa

Apesar do número de endividados ter diminuído, tanto em relação ao mês quanto ao ano anterior, o valor da dívida cresceu, ou seja, menos pessoas devem mais dinheiro, R$249bi no total. O valor médio por pessoa, R$ 3.937,98, é 1,3% maior do que em Abril. Cada dívida é de mais ou menos R$1.162,43, o que dá quase 4 ‘boletos’ por pessoa. Apesar disso, os acordos celebrados no Serasa giram em torno de R$377, menos de 10% da média por pessoa.

A dívida parece não ter gênero: a divisão entre homens e mulheres segue mais ou menos o perfil geral da população brasileira, praticamente empatados no perfil de endividados (50,1% delas contra 49,9% deles). Porém as mulheres aparecem um pouco mais na frente (53%) quando o assunto é procurar o Serasa para tratar de limpar o nome.

Geograficamente falando, o estado do Rio de Janeiro chama a atenção por ser o 3° mais populoso do país, mas o 2° em número de endividados. Quanto a idade, 35,8% da fatia total tem entre 26 e 40 anos, em um país onde quase 35% dos desempregados tem entre 25 e 39 anos. A faixa entre 31 a 40 anos parece a mais preocupada com a pilha de contas não pagas, buscando meios de solucionar a pendência. Sobram, portanto, jovens de 26 a 30 anos – a maioria solteiros – com dívidas, mas sem buscar saldá-las. Pesquisas constatam que é apenas após os 48 anos que o comportamento financeiro torna-se menos arriscado, tendência diretamente relacionada ao momento da vida, que exige muito mais ações cautelosas, mas também explicada pela compra motivada pelo desejo de prestígio social, mais comum antes dessa idade.

A escolaridade não deixa de fazer efeito: quanto maior o grau de formação, menor a tendência à inadimplência, principalmente pela maior habilidade para planejar as contas pessoais. Porém, há o outro lado da moeda: muitos encontram pela frente formas nada confortáveis de bancar o estudo, como o arriscado FIES e os financiamentos privados de algumas instituições. A bacharela em administração Giovanna Niskier Saadia, em sua dissertação de mestrado pela PUC do Rio de Janeiro, chegou a propor o uso de inteligência artificial para ensinar computadores a prever quais estudantes teriam mais chances de inadimplência no futuro, para ajudar alunos e instituições de ensino na concessão ou aquisição de financiamentos e mesmo na programação interna de mensalidades e taxas. Além disso, Giovanna acabou descobrindo que o baixo rendimento acadêmico está relacionado a maior tendência em não honrar os compromissos para com a faculdade.

Entre Janeiro de 2012 e Março de 2021, o Brasil viu a taxa de desemprego saltar de 7.9% para 14.7%. A perda de emprego é apontada, em entrevista com inadimplentes de Natal-RN, como o segundo maior motivo para a inadimplência, atrás apenas da falta de planejamento financeiro. Apesar disso, 73% dos entrevistados vislumbram um futuro de melhora do próprio bolso.

Um trabalho realizado em 2017 pela Universidade Federal da Bahia conclui que, além da diminuição, também o aumento repentino da renda parece encorajar comportamentos de risco que podem colocar o consumidor em maus lençóis. O endividamento, por isso, é um processo, e não somente um estado com data marcada, como concorda outro artigo, dessa vez da Universidade Federal Fluminense. É nesse contexto que entra a educação financeira, de fundamental importância nas escolas, especialmente no ensino médio.

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