
A postagem do prefeito municipal é, no mínimo, curiosa. Um viajante de outro estado certamente imaginaria Eduardo Barison como um político novo, que acaba de entrar na máquina pública e tem que resolver problemas de conjunturas das quais nunca participou.
O tom é diametralmente oposto a outra postagem, na qual batia no peito para assumir as glórias da obtenção da Certidão Negativa de Débitos. Dessa vez, por ser fato desfavorável, é tão somente ‘coisa do anterior’.
Parte do corpo da primeira gestão Maziero e vereador líder da bancada de oposição, com mais de uma década de vida pública, Barison se assemelha muito a Renan Calheiros: É o típico ‘político profissional’ que evita se situar na responsabilidade pelas mazelas sociais, colocando-se sempre fora do contexto histórico, anulando quaisquer efeitos de suas ações, como se não houvesse existido até o atual mandato iniciar.
Ao contrário do que fazem crer, vereadores possuem sim poder político relevante para pressionar o poder executivo a cumprir suas responsabilidades. A estratégia adotada pelo dentista, muito semelhante ao bordão “e o PT?” do Bolsonarismo, aliena todo o processo de aquisição da dívida do município a uma figura única: o ex-prefeito.
Como se fosse possível atribuir a todo efeito uma única causa, a dicotomia ‘nós’ versus ‘eles‘ torna tudo mais fácil ao emocional do gestor, que tenta fingir até a si mesmo que é vítima de uma política da qual sempre foi ator ativo.
É importante notar que o emocional não ajuda: o medo de tornar-se desafeto do povo, que some com a impessoalidade, também traz atos no mínimo desengonçados e desajustados, com consequências cada vez mais imprevisíveis. Imagino – quase dando certeza – que a postagem feita pelo chefe do executivo foi impulsiva, sem maiores processos de assessoramento de mídia, mas produto de uma reação catárdica diante de uma ameaça de decepção do próprio ego.
Cofre público e sistema límbico do prefeito estão ligados eternamente por uma construção que brotou do discurso para a psique: ‘eu posso salvar as finanças de Mococa’. Qualquer mínima ameaça a esse ‘ponto de honra’ gera uma tempestade de afetos e, com isso, uma chuva de atos nem sempre adequados.
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